quinta-feira, 29 de agosto de 2013

Hang out - Dia memorial do Wing Chun

Esse foi um Hang out especial sobre o dia memorial do Ving Tsun (Wing Chun) com a participação dos Mestres Léo Imamura, líder do clã Moy Yat no Brasil - que foi minha primeira linhagem ainda em minha adolescência, Nataniel Rosa e Sifu fazendo uma participação especial via internet, por não ser do mesmo clã que encabeça o debate. Esse Hang Out è extremamente proveitoso em termos de conteúdo.


Esperamos que - mesmo com um grande atraso - os leitores possam gostar.












domingo, 18 de agosto de 2013

Din Choy; Soco da batalha

Wing Chun é conhecido por ser uma arte do sul da china. Sendo assim, é muito fácil associá-la aquele famoso jargão marcial ''Pernas do norte/Punhos do sul'',jargão esse que não é lá tão verídico assim, já que alguns estilos 'sulistas' - e ai incluindo o próprio wing chun - possui várias técnicas de chute e base. Mas as técnicas de soco do wing chun dentro de sua proposta são bastante peculiares e , como não poderia deixar de ser, suas formas de compreensão também mudam de interpretação de acordo com a família kung fu e seu enfoque do treinamento.

Din Choy ( Din = batalha, Choy - ou Kune - = soco) é um soco visto logo na primeira fase do sistema wing chun. (Siu Lin Tao) e trás consigo lições extremamente importantes para se compreender a geratriz de força dentro de um dos aspectos da premissa básica do wing chun; que é potencializar ao máximo possível os ataques ( e também as 'defesas'),ou como prefiro dizer, os movimentos ofensivos e defensivos, para que estes venham a dar resultados contra um oponente maior,mais rápido ou mais forte que você, ou que possua algum tipo de vantagem de meios .

Din Choy em seu exercício original é utilizado com a base do cavaleiro e possui estreita relação com o treinamento de Luk Dim Boom Kwun ( Ver matéria escrita por Sifu http://appliedwingchunsalvador.blogspot.com.br/2011/10/luk-dim-boon-kwun-o-bastao-longo-e-sua.html ) , mantendo-se como um elo entre a dita ''simplificação posterior'' e a ideia ''original'' do templo de shao lin na sua  forma básica. Em sua forma mais ''bruta'', digamos assim, é um exercício que fortifica a base, giro de quadril e ombros e que vai fazer o praticante não somente ter a estrutura e resistência desejada para o treinamento posterior, quanto dará a compreensão, através dos giros, da aplicação da teoria (ou princípio) de forças em direções opostas.

O princípio de forças em direções opostas é algo que em muito é negligenciado dentro do wing chun. Isso porque muitos praticantes pregam que Yip Man teria ''dito'' que em wing chun ''não se utiliza força''. Oras, tudo é força na natureza e nas artes marciais, isso não é diferente. È no mínimo incoerência achar que não se utiliza força em wing chun, assim como em qualquer outro estilo ou sistema de combate. Muito embora o comercial feito em cima do wing chun seja de um estilo que não se usa força em detrimento á simplicidade, Yip Man nunca teria dito isso. Na realidade, em wing chun não se usa força CONTRA força, o que vem a ser bem diferente e mesmo assim, não pode ser usado como desculpa para o treinamento mais duro do praticante, vide algumas escolas que realmente parecem  não se importar com isso.

O princípio de forças em direções opostas explana que uma força explosiva  tende a ''soltar'' energia de mesma intensidade mas em direções diferentes ou em todas as direções. No caso do wing chun, essa teoria está implícita na maior parte das movimentações básicas, onde um bom exemplo disso está no Seung Fak Sao, da segunda parte da forma Siu Lin Tao. È importante perceber que nesse sentido, alguns movimentos da forma não explanam necessariamente em golpes,mas exemplificam princípios.

Din Choy visto em sua forma para a luta utiliza-se de uma base onde o corpo esteja de lado, uma característica forte de nossa família, e o que contraria a ideia de que o wing chun se utiliza apenas de uma guarda de frente. Isso porque a ideia é que você se mantenha sempre na linha central, ou seja, na menor distância para continuar atacando.Em muitos casos, espera-se somente que um golpe realmente forte não venha de sua mão fronteiriça. Mas em Din Choy, a força está no giro de quadril, aliado a base e ao movimento concomitante da mão traseira, que ''puxa'' para trás o movimento com a mesma força da mão que lança o soco,ganhando o máximo de distancia em avanço em relação ao oponente, como exemplifico na foto ao lado.


 Certo dia, quando eu estava explicando esse princípio para o meu parceiro de treinos Mário (já citado em outra matéria) ele fez uma observação que eu achei -ao mesmo tempo engraçada- bastante apropriada; - ''È o mesmo que o 'efeito escopeta', né Dido? ''

Se paramos pra observar, é sim uma aplicação da força bem parecida com o caso da escopeta. Muito embora o cotovelo alto lembre mais um arqueiro empunhando uma flecha, o motivo desse posicionamento é propiciar um melhor aproveitamento dessa força de giro concomitante. A grande desvantagem talvez seja que por causa desse posicionamento, em Din Choy a ''guarda'', fique um pouco mais exposta, já que uma expansão do tórax é efetuada durante sua execução, no intuito de ''firmar'' o movimento, o que mais uma vez implica que no wing chun, tudo é ''base, quadril e ombro''.Mas existe uma forma de executar esse mesmo soco, com uma ''guarda mais fechada'' no segundo nível do treinamento ( Chum Kiu).

 (Meus irmãos kung fu mais velhos ; Sifu Dr. Vansamberg, e Si-Hing Lucas, demonstrando Din Choy)


O Din Choy visto na primeira fase do wing chun ( Siu Lin Tao) é um soco que funciona muito bem com alguns tipos de combinações com outras técnicas. Talvez a mais básica seja utilizar Jip Sao (catar soco) + Din Choy, contra um ataque ou movimento simples. Por experiência própria, posso afirmar que durante um free sparring, no parque da jaqueira, essa técnica me valeu muito, justamente porque o oponente não espera que você não caia em sua ameaça, ou que você entenda que o jab,geralmente usado para ir ganhando distância e/ou calculando a distância pra um golpe mais forte, vai ser encarado como uma ameaça de qualquer forma e quando seu Jip Sao vai fazer a cobertura, independente de soco alto ou soco baixo,ou mesmo uma finta...e quando ele ainda está ''voltando'' do seu Jab... ''Boom'', já entra o Din Choy, conhecido em nossa escola informalmente como nosso ''Cartão de visitas''.


Treinar Din Choy sem um alvo á ser batido, pode ser perigoso pro praticante, já que a estrutura da cintura escapular é muito trabalhada e sem um local pra impacto, a ''pressão'' no ombro é bastante alta. Também por experiência digo; Não pratiquem esse soco sem um alvo. Seja o Sa Bao ou manopla, sempre tenham um alvo para esse soco e não façam como eu fiz no começo de meu treinamento tentando esse soco, socando o ar...seus ombros irão agradecer....rs

(Sifu demostrando Din Choy contra boxer)

Alguns exercícios auxiliares ajudam a fortalecer a estrutura da musculatura da cintura escapular, como flexões de braço, isolando o movimento de descida apenas para o ombro, para que este venha a suportar a prática repetitiva do Din Choy.

No meu caso, ás vezes faço uso de pesos para a prática do Din Choy, tanto em sua forma conceitual, quanto em sua forma mais voltada para as aplicações de combate do primeiro nível, o que dá um acréscimo para a resistência. Mas, normalmente, treino com pesos a forma - digamos -  tradicional, citado no comecinho desse texto.

È importante que antes de qualquer coisa, o praticante de wing chun tenha em mente que não existem ''técnicas avançadas'' ou ''técnicas básicas''. O que existe é a técnica a ser treinada. Se você que treina wing chun, estiver com isso em mente, poderá aplicar seus movimentos em luta solta e além de ter uma visão ampla sobre ela, você irá compreendê-los de forma que, após horas e horas de repetição dessas técnicas, elas venham a ser sua segunda natureza. O mais importante é saber que você só terá confiança numa técnica se a praticar insistentemente,horas a fio, dia após dia.


Até a próxima.



quinta-feira, 15 de agosto de 2013

A farsa do Hei Ki Boen Eng Chun/ Black Flag Eng chun

Há alguns dias atrás em uma rede social, resolvi abordar alguns assuntos que, por ''etiqueta'' nunca tinha feito antes publicamente, muito embora nos 'bastidores', as pessoas com quem me comunico, tanto diretamente quanto via internet, já sabiam de meu posicionamento sobre esses assuntos ''controversos'' (assim mesmo, com aspas). Dentro disso, analisando pelo meu próprio desenvolvimento ético que envolve a arte marcial, percebi que o mais justo seria reafirmar meu posicionamento, só que desta vez, em público, para que as pessoas saibam que, mesmo tendo ótimo relacionamento com as mais diversas vertentes da arte marcial do wing chun, certas coisas não podem passar despercebidas e quando algo desse tipo acontece, nós, que julgamos ser artistas marciais sérios, devemos nos posicionar, agradando á uns e desagradando á uns outros, o que é inevitável nesses casos.

Antes de entrar definitivamente no assunto, a primeira coisa que fiz foi reler os textos da antiga comunidade do wing chun no orkut, para poder ter mais base ainda e não falar nada sem um conhecimento mais firmado e menos leviano - no sentido de falar sem ter o mínimo de embasamento - e poder conjecturar uma opinião que pudesse ser estruturada sem ter de usar uma linguagem menos formal, digamos assim.
Tendo isso posto, e dando um pequeno salto cronológico, fiquei bastante empolgado com o fato de Sifu ter dado seu apoio quando postei o texto a seguir, reproduzindo uma pequena parte da discussão do já citado fórum do orkut e logo em seguida ter postado de forma extremamente clara sobre esse mesmo assunto em seu blog ( http://appliedwingchunsalvador.blogspot.com.br/2013/08/o-ntem-tive-uma-otima-conversa-com-o.html ), sendo assim, essa postagem será um complemento á mais pra quem desejar se inteirar mais sobre a farsa criada pelo Benny Meng sobre seu Wing Chun da Bandeira Negra.

A fraude do Hei Ki Boen Eng Chun

Se você chegou até esta linha e se deu ao trabalho de ler a postagem de Sifu mencionada no parágrafo á cima, já deve ter percebido o quão escrota é a fraude deflagrada pelo Benny Meng e seu ''wing-chun- secreto-recém-descoberto-por-ele-mesmo'',o que para os praticantes do Yip Man Wing Chun ou das vertentes das linhagens advindas de Fo Shan é um grande desrespeito. Mas uma figura central nisso tudo merece destaque e nossa admiração;

Marcelo Alexandrino é um sujeito que desde já, tem minha admiração pessoal. Destarte os acontecimentos em sua vida pessoal - o que me fizeram ter mais apreço por sua figura - já era claro que ele era um cara de coragem e atitude. Quando ele postou o texto a seguir na comunidade wing chun no orkut, deu uma maior demonstração de amor á arte marcial chinesa e de consideração aos praticantes de wing chun, isso tudo de uma vez só.Sendo assim, segue o texto postado pelo Mestre Alexandrino, com tradução de Sifu;

Comunicado GM Tio Tek Kwie s/ "Bandeira Negra"
Este é o comunicado do Grão-Mestre Tio Tek Kwie, ex-sifu do sr. Lin Xiang-Fuk, sobre seu ex-aluno (expulso da família marcial do GM Kwee King Yang) e a farsa chamada "Black Flag Eng Chun" (cf. 
https://www.facebook.com/groups/166758633161):
I'm Very dissapointed that my lessons about being a good and rightgeous person did not succeed by my student , I have to apologize to the Wing Chun community for having supported his Lie about Black Flag Wing Chun my reasons for doing so were none other then to help him set his business up in the US as he convinced me that Wing Chun would be the way to go marketing wise,i did not realise the consequence of this decision. 
Again my sincere apologies for making this mistake,and i hope that my ex student can do the same,by disclosing the truth and giving his apologies to the Wing Chun world. in the past i have on several occasions followed his instructions to talk about my Teachers art as Wing Chun but i want to make it very clear that my teacher told me personally that the art is called 18 Lohan Hand
furthermore i want to state that my relationship with my kung fu brother The Kang Hay cannot be broken by lies,dont ever try to break our relationship and that this photo of our reunion were all the direct student of kwee king yang are sitting should be proof enough.
this is going to be my only written comment on all of your accusations as the Truth should indeed be protected at all times and especially the Honor of my beloved teacher Kwee King Yang.
Sincerely,
Sifu Tio Tek Kwie
http://www.facebook.com/photo.php?fbid=204074072952655&set=t.100000501900492&type=3&theaterhttps%3A%2F%2Fwww.facebook.com%2Fgroups%2F166758633161%2F


"Eu estou muito desapontado que as minhas lições sobre ser uma pessoa boa e honrada não tiveram sucesso por parte de meu estudante, eu tenho de pedir desculpas à comunidade Wing Chun por ter apoiado a sua mentira sobre Wing Chun da Bandeira Negra.

Minhas razões para fazê-lo foram tão somente nada mais que ajudá-lo a estabelecer seu negócio nos Estados Unidos assim que ele me convenceu que Wing Chun seria o caminho para fazer a propaganda mais apropriada, eu não percebi a conseqüência da minha decisão.

Novamente minhas sinceras desculpas por cometer este erro e eu espero que meu ex-estudante possa fazer o mesmo através da revelação da verdade e pedir desculpas ao mundo do Wing Chun. No passado eu tinha em algumas ocasiões seguido suas instruções de falar sobre minha arte de ensino como wing chun, mas eu quero deixar muito claro que meu professor me disse pessoalmente que a arte é chamada de 18 maos de Lo Han.

Além disso, eu quero estabelecer que meu relacionamento com meu irmão kung fu, o Kang Hay, não pode ser quebrado por mentiras, não tentem nunca quebrar nosso relacionamento e que nessa foto de nossa reunião estavam todos os estudantes diretos de Kwee King Yang que estão sentados e isso deve ser prova suficiente.

Este será meu único comentário escrito sobre todas as suas acusações quanto à verdade que realmente deveria ser protegida em todas as ocasiões e especialmente a honra do meu amado professor Kwee King Yang.

Sinceramente,
Sifu Tio Tek Kwie."


O texto acima , juntamente com a entrevista feita pelo mestre Sérgio Iadarola com o mestre de 18 mãos de Lohan , Sifu Tio Tek Kwie (ver www.appliedwingchunsalvador.blogspot.com ), desmascaram de vez a farsa inventada por Benny meng para o que ele chama de Black Flag Wing Chun, vendido como ''wing chun original de shao lin''.

 Agora você que está lendo, pode se perguntar; 
Porque esse cara está falando e mostrando isso???

A resposta é simples; Como um praticante que leva seu esforço,aprendizado e seu treinamento muito á sério, que faz um tremendo sacrifício em todas as áreas de atuação para aprender e compreender um conhecimento ancestral com um legítimo mestre da nona geração do wing chun kuen phai, mesmo sem ganhar com isso vantagens, tapinhas nas costas ou qualquer tipo de status, é uma obrigação ética e moral para com o conhecimento que venho adquirindo,para com os meus mestres,para com a sociedade marcial e a sociedade em sí. 

Ademais, pessoas que se pretendem estudantes de wing chun precisam de pontos de reverência que possam dar um norte para elas de forma clara, sem enrolação ou papo-furado. Pessoalmente, acredito e estou convencido de que essa farsa montada pelo Benny Meng - o cara mais execrado da comunidade internacional do wing chun -  para um ''estilo de wing chun secreto'' nada tem a ver com nossa arte marcial.

Leiam o texto no blog de Sifu, que esmiúça todo o ocorrido de forma bem simplificada. Procurem as referências descritas aqui. Assistam, se possível a entrevista feita pelo Sifu Sérgio com o Mestre Tio Tek Kwie que numa postura ética, soube ser macho o suficiente para admitir uma falha e pedir desculpas públicas para toda a comunidade wing chun e tirem suas próprias conclusões sobre esse assunto.


Links:

Declaração pública do GM Tio Tek Kwie sobre a farsa do Hei Ki Boen Eng chun



Fórum de debate no orkut:


Texto recente de Sifu sobre o assunto:









quarta-feira, 14 de agosto de 2013

Blog do Dido recomenda; A arte da Guerra


Voltando com a coluna ''Blog do Dido recomenda'', hoje falaremos sobre o clássico livro de estratégias ''A arte da guerra'', escrito por Sun Tzu há mais de 2.500 anos.

O livro é obrigatório para quem pretende entender sobre as táticas estratégicas de combate e hoje em dia, suas premissas podem ser aplicadas em várias áreas de atuação da vida como negócios e relacionamentos, tanto sociais quanto e até mesmo emocionais. Excetuando-se isso, o livro na verdade trás em seu texto, uma ampla visão da lógica  do pensamento clássico chinês e em ultima instância, do kung fu em vários aspectos.

Li esse livro em meados do ano passado e relutei em escrever sobre o mesmo, pois é um título que pode ser muito óbvio de se falar. Mas relendo-o hoje, percebe-se o quão incrível é sua estrutura e o quanto o General Sun Tzu percebia e aplicava seus conhecimentos estratégicos calcados no taoismo clássico chinês.

Caso queiram ler, vai uma dica importante; Evite a versão para empresários e busquem a versão ''clássica'' e de preferência sem edições, ou mesmo aquelas em livretos resumidos.


domingo, 4 de agosto de 2013

Ip man; The final Fight





Parece mesmo que a industria cinematográfica asiática não quer deixar o nome do patriarca Yip Man em Paz. Ha alguns meses atrás foi anunciado o lançamento de mais um filme com o patriarca do estilo wing chun como personagem principal, bem parecido com aquele fenômeno dos anos 90 com o nome do herói chinês Wong Fei Hung nas franquias estreladas por Jet Li.

Menos de um ano após o lançamento de The Grandmasters, agora foi lançado ''Ip Man, The final Fight''. O blog do Dido assistiu a versão com legendas em inglês e hoje, falaremos um pouco sobre o filme...


O filme, se compararmos com os anteriores já lançados ( O Grande mestre 1 e 2, The legend is born, Yip Man e The grandmasters) é o que de todos, mais se aproxima de uma biografia. A narrativa começa sob a perspectiva de um dos filhos de Yip man e conta de sua chegada em Hong Kong , passando pela fundação da Ving Tsun Athletic Association, até seu falecimento.


Claro que num filme como esse, as cenas de ação  não podem faltar e The final Fight tem algumas sequências bastante legais, do ponto de vista do entretenimento. È bem um ''filme de kung fu'' no mais amplo sentido desse nome, onde cada golpe desferido vem com um kiai curto e rápido...como nos filmes old school, das lendárias terças á noite da antiga ''sessão kickboxer'' que passava na rede bandeirantes...


Estrelado por Anthony Wong, o filme aborda uma fase mais ''tardia'' de um idoso Yip Man.A película começa com uma cena bastante interessante; O filho de Yip Man, Ip chun passando uma peça de roupa enquanto assiste uma demonstração do Bruce Lee na tv,enquanto Yip Man está cuidando de um pequeno jardim, logo a narrativa segue; '' Ip man era meu pai.A julgar pela sua aparência, poucos poderiam dizer que era um especialista em artes marciais e mestre de um renomado astro de ação.'' No final do filme, Bruce Lee aparece mais uma vez e embora o tenham colocado bem caricato, com trejeitos mais efusivos que o de costume (bem, é dificil mesmo alguém fazer o papel de Bruce Lee no cinema sem cair no pastiche da imitação barata,com exceção de Jason Scott Lee em ''Dragão a história de Bruce Lee'',que o interpretou muitíssimo bem).

O filme aborda a relação de Yip Man com alguns de seus alunos, como Leung Sheung, seu primeiro aluno em Hong Kong e sua inicial relutância em ensinar wing chun.
Muita gente criticou as cenas de ação dessa película, mas independente de ter sido ou não melhor que o Donnie Yen nos dois primeiros filmes, ou tão vigoroso quanto as cenas de luta de Tony Leung, a atuação de Anthony Wong é bem bacana sim e como dito, remete aos filmes old school de kung fu que estamos acostumados a ver.Uma das lutas que denota bem isso é a de Yip Man contra o mestre de Pak Hok.


Mas diferentemente de outros filmes, The final Fight trata de expor as dificuldades de uma Hong Kong em meio á uma guerra e personagens passando por situações extremas, como a venda de filhos mais novos para sustentação da família, algo que pro ocidental médio é absurdo mas que na china antiga e até meados do século passado ainda acontecia. O Yip Man apresentado em The final Fight não passa alheio á essas dificuldades e a solidão.A certa altura, o personagem Yip se pergunta; ''Pra quê serve o kung fu se nem consigo ajudar á um amigo em necessidades???''.
Existe também uma tentativa de ''humanizar'' mais o personagem Yip Man, talvez numa forma de deixá-lo menos parecido com um cara super imbatível,quase um neo de Matrix, para mostrar uma pessoa mais real, mostrando-o em cenas do cotidiano comum, indo ao dentista, almoçando, ou mesmo flertando, tudo ao modo chinês,claro...o que é algo bem interessante de se ver.



Como as cenas de luta precisam de uma justificável no roteiro, seria meio impossível não se colocar as famosas ''gangues'' de Hong Kong. Mas talvez o grande atrativo do filme nem seja esse,mas sejam as lições de Wu De que estão inseridas meio que de forma subliminar.Quando um dos alunos durante uma conversa vai ofertar chá, e ele polidamente com um gesto acena para não o fazer - o que poderia ser interpretado quase como um Pai Si e talvez por essa razão, ele gentilmente recusasse - e ainda sim continua a conversa, ou em uma das falas mais bacanas, diz respeito a relutância em Mestre Yip Man abrir uma escola comercial frente á insistência de um de seus alunos ;
 ''Não se pode comprar kung fu como se compra ostras no mercado.''

Também é impossível não falar da participação de Yip Chun,que desta vez aparece como um simples comerciante que empresta o telefone ao Mestre Yip Man.



Bem, o filme como dito, é o que de todos se aproxima mais de uma biografia e é muito interessante de se ver, muito embora, claro, esteja ainda sim, longe de ser um retrato fidedigno da vida do patriarca do Wing Chun moderno. Mas o The final Fight diverte quem é realmente fã de filmes de kung fu.







Em breve, mais uma super postagem!